O final é zueira, se atentem no discurso......
Eu e os meus outros Eu
Promessas! 2010... Tudo tão incerto, tudo novo novamente, planos, listas, promessas! E nada a cumprir, sempre foi assim. Odeio esse clima natalino, detesto essa esperança que bate em meu ser todo final de ano e só fica no sentimento e na lembrança da alma perdida. Sou assim previsível, sou assim um misto de incerteza e mais nada. Queria um final de ano diferente, queria realmente poder acreditar nesse espírito natalino que desce em quase todos os seres da face da terra, mas não! Acredito numa falsidade, acredito que se for para ser bom que seja o ano todo. Dezembro me deixa depressiva, me traz lembranças que não sei explicar, mas sei sentir, e sinto tão forte dentro do meu coração que aqui estou eu tentando extravasar de alguma forma. Uma taça de vinho, sábado à noite a rua cheia e eu novamente no meu quarto. Esse não seria o programa ideal, essa não seria eu alguns anos atrás. Mas a vida muda, as pessoas mudam, amigos se vão, outros mudam a rotina, e eu? Igual. Mas dezembro, mas as promessas, as listas não cumpridas, tudo isso mexeu comigo e nesse dezembro estarei mais só do que nunca, estarei a ficar entre trabalho, leituras, música, cama, notebook e só. O que me falta? Amigos, amores, paixão! O que me resta? A solidão talvez.
Taty, voltando a escrever, ou pelo menos tentando.
Ana Laura. Lista que se arrasta desde 2008, só vem crescendo...Quem já leu algum destes e desejar falar sobre o livro. Enjoy
Retirei o outro Post porque nem eu estava aguentando entrar no blog e a musica começando a tocar.
Pequenos Detalhes
Tem tantas coisas que se aprende na vida, na cor, no orgulho de uma cultura que não conseguimos achar no google, no youtube...
São pequenos detalhes numa roda de ciranda, numa dança da cobocla, num hino dos Navios Negreiros. No jogo de capoeira, na brincadeira de um samba, no orgulho dos nossos guerreiros de armas e letras.
Estes pequenos detalhes que são da infância e dos tambores cadenciados afinados com os corações. São tramas tão pequenas, mas que tecem minha vida, minha história, minha forma colorida de me sentir humana.
Ana Laura
O Documentário Olhos Azuis, antigo (nem me pergunte agora), apresenta um workshop na qual as pessoas de olhos azuis são tratadas rudemente. São humilhadas, separadas, desvalorizada, manipuladas e todo o tipo de violência que diariamente um afrodescendente sofre. Eu coloquei só um vídeo que tem no youtube, mas vale assistir todos. Muito.
Por que disso agora? O documentário é tão antigo que quase todos já assistiram!
Só que eu precisei dele para entender, ou pelo menos me iludir, que a minha pós graduação está fazendo a mesma coisa comigo.
Quero acreditar que estou sendo humilhada, desvalorizada, me sentindo sozinha ao lado de uma pós virtual e muito, muito manipulada por motivo maior. Uma pós sobre Violência Doméstica contra Criança e Adolescente que trata os alunos com tamanha violência deseja, tão somente, que vivenciamos o que as crianças e adolescentes vivem quando estão sendo vitimizados.
É isso. Só Pode.
Mas... Eu não quero mais brincar disso. Estou mais que triste, mais que violentada...aprendi a lição. Vai Doutora-Vilentadora-Professora-da-não-violência me ensina a ser humana!
Ana Laura, por favor não me acordem!
Quando a única calcinha é aquela grande e natalina que sua avó deu.
Quando o seu cabelo resolveu ter vida própria.
Quando você não tem vontade de se arrumar e acha que o cobertor é um bom modelo para o dia.
Quando retira todas as roupas do armário e todas marcam todos tecidos adiposos do seu corpo.
Quando o café derrama na roupa que dificilmente você escolheu e que agora vai ter que fazer tudo de novo.
Quando o carro ou a moto afoga mais que o comum. Ou mesmo quando perde o ônibus por míseros 2 minutos, não, não corra atrás dele.
Quando o tempo está horrível e você não consegue encontrar seu guarda-chuva e nem sua bola Wilson, caso naufrague por algum alagamento da avenida tal!
E por ultimo e importante, quando a chave some de forma assustadora e você começa ter a nítida certeza que sua casa tem doendes, hobbits domésticos ou orcs...
Se tudo isto acontecer: DESISTA, mesmo.
Nada como ficar tempo suficiente esperando um ônibus para se refletir nas rodoviárias e sua dinâmica.
Tem sempre a moça bonitona de "seios fartos" tentando carregar a mala gigantesca e nenhum condenado para ajudar! Não que só a mulher bonita deva ser ajudada, mas homem não entende mais de cavalheirismo, não é porque colocaram rodas nas malas que elas se tornaram leves e práticas. Tudo bem, não é porque colocaram enchimento no sutiã que nos tornamos a Central para Ações Caridosas! Brincadeira amigas dos sutiãs queimados!
Tem sempre alguém que senta no meio do banco, desconvidando qualquer um que pretenda dividir o "espaço ao sol!"
Tem sempre, tem vários, quase todos, perdidos sem saber plataformas, onde vai, onde fica. Pede informações e só perde a insegurança dentro do ônibus e sentado já na poltrona. Dá para observar o alívio dos rostos pelas janelas.
O bêbado está sempre lá cantando. Hoje escutei a versão mais cômica de Malandragem: "Quem sabe ainda sou uma garotinha, com a meia três quartos eu pego meu carro e mudo uma planta de lugar. " Fiquei imaginando como fazia sentido a equação: bêbado, meia três quartos e um carro, claro que ele poderia mudar uma planta de lugar: uma árvore talvez!
O pedinte é figura carimbada. As moedinhas para ajuntar e comprar a passagem para ver a mãe doente, para re-encontrar a família... os papéis com as histórias de tristeza, e, para os mais desesperados só resta mostrar os machucados e doenças. Tem também os que vendem poesias, estes eu sempre ajudo, se bem que nunca encontrei "a poesia", continuo a procurar um poeta de rodoviaria, cansado das Editoras Capitalistas e pronto para demonstrar seu dom...risos...
Tem as situações atuais: a cada espirro de alguém, muitos param de respirar por causa da Gripe Porcina!
Sempre tem o carinha com o óculos escuro, com fones no ouvido e mandando mensagem no celular. Morro de vontade de gritar: Em que mundo você vive? Mas acho que ele não se importaria. Bom, ema..ema...ema...cada um com seus dilemas!
Tem a pessoa que perde o ônibus e todo mundo fica compadecido. Put's é uma dor socializada...
Tem as crianças sorridentes que querem conversar, sorrir e nos fazer acreditar que vale a pena lutar pelo futuro.
Tem as pessoas que arrumam qualquer pretexto para puxar um papo, te tocar e dizer pelo menos: Nossa vai chover hoje, o ônibus tá atrasado, que calor, gente! Estas são as minhas prediletas.
Por ultimo e não inesquecível. Tem pessoas que cortam a fila do ônibus para embarcar....nestes momentos a turba vai ao delírio e grita: Sai daí, fura fila. Sem respeito. Tem que esperar como todos, ninguém é melhor que ninguém....e Ana Laura vai ao climax da felicidade, como é bom perceber que ainda conseguimos fazer barulho!
e assim vai o fado dos feios e seus legitimados sofrimentos. Bonito não sofre e quando acontece é por pura injustiça, claro. Coff Coff.
Ana Laura, me exclamaram a quarta. E eu respondi:Porque não teriamos crianças para serem adotadas! (Fui bem ironica, mas a pessoa não entendeu!)
Fome na Africa
Você consegue sentir?
E agora, consegue?
Olhe esta, ainda sente?
Tortura realizada por soldados americanos a prisioneiros de guerra no Iraque
Você consegue sentir algo?
Consegue, ainda sentir-se parte disto?
"Durante a guerra aprendi uma verdade que geralmente preferimos não enunciar: que a coisa mais brutal da crueldade é aquela que desumaniza suas vítimas antes de destruí-las. E que a luta mais árdaus de todas é permanecer humana em condições desumanas"
Janina Bauman, 1985. Inverno na manhã. Uma jovem no Gueto de Varsóvia.
Ana Laura