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domingo, 31 de julho de 2011

E vou passar agosto esperando setembro


A Pandora abre sua caixa e joga Agosto para fora entre agouros acendo minha vela canto baixinho minhas rezas tomo meu floral não esqueço o ferro ligado e nem o gás sigo a risca as regras amo com cautela deixo a janela entreaberta e nem respingo de chuva me atrevo a tomar bebo sobre orientação médica como e gasto à la francisco banho só com ervas conversas se forem banais trabalho sem pressa e sobre a escrivaninha os livros pra ler as músicas para ouvir os textos que saem assim só de espera fico vivendo agosto passar esvaindo aquelas magoas esquecendo suas falas não esperando aquele convite dormindo mais do que é suficiente caminhando como estrela sem hora para além da madrugada e numa cadência vivendo setembro chegar
Ana Laura

domingo, 24 de julho de 2011

Quando o prazer está desaparecendo



Final de expediente, as três voltando para casa, cansadas e revoltadas pela brutalidade da vida. Quando a única sensação de prazer é o banho quente. Ou esvaziar o intestino e saturar o ambiente com seus gazes parados no abdômen dolorido. Chegar e comer aquilo que vê pela frente para matar a fome e depois pensar no que fazer para janta. Tirar o sapato de bico fino. Deitar no sofá e dormir ao som do noticiário. É ligar para mãe e despejar todo seu terrível dia e sua geladeira vazia e sua fome e a falta que a comida dela faz. É tirar sua calcinha intravaginal com técnicas cirúrgicas. Sentir se somente tocada quando passa creme de cereja e avelã e decididamente dormir profundamente babando sobre o travesseiro.
Riamos alto com tanta idiotice, cada uma pensando intimamente, seria cômico se não fosse trágico!
Ana Laura

sábado, 23 de julho de 2011

Bye Amy!

Sua voz vai deixar saudades, esteja em paz!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Convite de Edson Marques


MUDANÇA


Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!

***Texto de Edson Marques
No primeiro momento acreditamos ser de Clarice Lispector, erro comum quando a fonte é a internet...mas não justo com o verdadeiro autor.

sábado, 16 de julho de 2011

...


"Se você me perguntar se ainda é seu
Todo meu amor, eu sei que eu
Certamente vou dizer que sim
Mas já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração..."
(Roberto e Erasmo Carlos)



Eu esperei um tempo, uma quase vida, ou melhor, dias de esperas são sobrevidas que vamos levando em meio de um turbilhão de sentimentos. É não dar espaço para outros sorrisos, para outros olhares. É se fechar em casa e se trancar com a solidão. É ficar um tempo em meio às lembranças, revirar fotos, reler conversas, mensagens no celular que resolveu silenciar. Os dias demoram a passar, as horas se tornam inimigas. E o resto são sempre “quases” que eu cansei de esperar. Não quero mais nada pela metade, não quero opções quando sou uma delas. Não quero frases curtas, não quero lembranças de beijos, não quero mais procurar cheiros que me remetem a você. Não! Quero o novo, quero um sorriso diferente, um novo brilho no olhar, um beijo que ainda não provei, palavras sinceras, quero sim amar e ser amada e não mais amar solitariamente. Eu esperei o vento mudar, eu me fiz escrava de uma indiferença, da sua forma autista de me tratar. Hoje sou apenas uma página rabiscada do livro da sua caminhada. Quero um novo livro para ser bem mais que um capítulo e quero alguém livre para ser a inspiração, para ser o personagem principal e único do livro da minha vida.

Tatiane.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

High and Dry

quarta-feira, 13 de julho de 2011


"...Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá desse quintal era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?"
(Chico Buarque/Sivuca)






Eu me vi dentro de uma história cheia de vírgulas, eu me vi ali me encantando sozinha, eu percebi que passei um tempo acreditando que você me amava ou poderia vir a me amar. Por mais que eu ainda te queira muito, por mais que o desejo ainda corroa o meu coração, os meus dias andam muito cinza e sem cor. Qual será o avesso de te amar tanto? Como será quando realmente não cair mais nenhuma lágrima quando pensar em ti? Será que esse dia vai chegar? Tantas perguntas se misturam em meio a respostas vazias. É como esperar algo que você sabe que nunca virá e mesmo assim acreditar que isso pode mudar, é como te esperar em meio às lágrimas que destroem meu coração. Se apaixonar várias vezes pela mesma pessoa é sofrer cada vez mais. Amar é delicado, é puro, não se escolhe a pessoa, apenas acontece. E eu te amei sem medida, amei como se fosse único e amei por amar, sem pedir nada em troca, sem espaço para outro alguém. Mas amei sozinha e hoje vejo esse amor como uma pétala se despedaçando da flor. Um amor que transformou em espinho sangrando meu coração e eu só te pergunto: Será que você é capaz de resgatar esse sentimento mais lindo que um dia te dei e você se negou a aceitar? Se sim venha logo, não espere que eu decida pegar todo esse sentimento que tenho estocado em meu coração e guardá-lo em uma caixinha ou esquecê-lo dentro do bolso de um casaco que não uso mais. Nesse momento apenas me recolho por amar demais, por amar sozinha, me recolho com todo o meu amor, com todo o meu carinho.


Tatiane. Sem mais.


terça-feira, 12 de julho de 2011

Teste "Você já possui idéias feministas?"


  • Você se sente desrespeitada quando seu parceiro não entende quando você não quer ser tocada?

  • Você acha errado um homem receber mais que a mulher realizando a mesma função?
  • Você acredita que todas devam ter condições de escolher sobre seu futuro, seja ele dona de casa, profissional ou os dois?
  • Você acredita que a maternidade é uma escolha de duas pessoas sobre a criação e manutenção de outra vida?

  • Você acredita que a mulher merece respeito indiferente a roupa que vista?

Li no blog "Síndrome de Estocolmo", escrito por Denise, uma frase que me fez refletir por estes dias: "Bom, da mesma forma que não se nasce mulher, também não se nasce feminista”.
Frase que vem bem a calhar quando tento e insisto com as minhas amigas que ser feminista não é um bicho de sete cabeças e que ao contrário do que muitas imaginam, não significa mulheres solitárias, enfurecidas e chatas...muito pelo contrário.
Declaro-me feminista e me vi assim já com meus 16 anos discutindo com a minha mãe quem deveria pagar a conta do anticoncepcional: o namorado ou minha irmã?
Infelizmente não consegui convencer ninguém, nem mesmo minha irmã, risos...
Mas as idéias feministas perpassam pelas nossas vidas e já estão tão presentes que nem notamos. E estamos falando de um movimento que muita das suas idéias ainda precisam se cotidianizar.
Por isso, como já tinha visto no Blog "Escreva Lola escreva", um teste bem bacana...faço o meu também e talvez prove de uma vez por toda que ser feminista não é assim tão distante....

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Comemorando

Estava eu cá, como quem não quer nada, zapeando as páginas da internet quando encontro a notícia que Rafinha Bastos pode responder judicialmente por apologia ao crime, o que a meu ver é bastante justo.
Mais um exemplo de que as pessoas precisam ter responsabilidade nas
suas manifestações sejam feitas via internet, via arte...via a pqp*...não importa e não vejo tal processo como censura, afinal surge uma nova forma de comunicação e interação e que precisam de novos mecanismos para a defesa da ética e respeito.
Lembro-me da Mayara Petruso, estudante de direito, que fez declarações preconceituosas no Twitter e foi processada, merecidamente pela OAB de Pernambuco.
Todos se surpreenderam com a declaração execrável que tal Rafinha fez em um dos seus stand up, proliferando e incitando o estupro: "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia... Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso não merece cadeia, merece um abraço",
Frases como estas só podem vir de pessoas que não têm mãe, irmãs, tias, filhas ou qualquer ser do gênero feminino. Porque com certeza se fosse um ser Humano concebido em condições normais não faria piada de uma das situações que mais aflige as mulheres em todo mundo.
Para dar um exemplo, quando era menina aprendi que a rua e a noite não foram feitas para as mulheres e o pior foi crescer e saber que a ameaça é real, pois muitas vezes temos que nos preocupar para além de ser assaltadas, mas com a possibilidade do estupro.
Em alguns países ele ainda é legitimo dentro do casamento. E nem precisamos ir longe, quantas de nós passamos pela dificuldade de explicitarmos que NÃO É NÃO.
Somos ameaçadas não por um Rafinha Bastos, mas pela ideologia que ele defeca pela boca influenciando as pessoas a serem misóginas, homofóbicas e por aí vai.
A muito não assisto ao programa e sinceramente acho que devemos criar o movimento: Desligue o CQC e leia um livro.

Não pretendo ser compreendida pelos homens, por enquanto, pois ainda não há entendimento sobre o significado da violação de nossos corpos pela coibição, muito menos mediante a mídia gorda com suas propagandas sexista. O que dizer então, daqueles que se revestem na imagem de artistas, livres de expressão e se safando por "fazer caricatura da realidade". É difícil entender como um humorista pode se animalizar a tal ponto que não consiga ao menos se caricaturar de SER HUMANO.

Precisamos dar um passo gigantesco no debate sobre nosso corpo, imagem e sexualidade.
Por isso, oportuno falar, que existem movimentos femininos que se decidiram não ficar calados diante do assédio, da violência e da alienação de nossa sexualidade. Tais como na “Grã Bretanha que tenta combater o assédio nas ruas com a fundação Anti-Street Harassment UK, “Grã-Bretanha contra o assédio nas ruas” ou o site Hollaback”! (http://ldn.ihollaback.org/) que permite a declaração de mulheres que sofreram assédios na rua e até mesmo denunciar publicamente seus agressores.
Afinal, expressar-se a favor do outro além de legitimo é HUMANO!
Ana Laura