- Desde quando começaste a gostar de mim?
A cabeça apoiada em seu ombro, Mercedes, lábios entreabertos, sorri curiosa. Na casa imersa em silêncio, Antonio atiçando o fogo, respondeu:
- Tinha doze anos, quando meus pais, deixando o Rio Grande, viemos para São Paulo. Aqui frequentei o liceu e me formei. Morávamos, então, num bairro tranquilo, de casas acolhedoras e jardins espaçosos. Todas as tardes, ao chegar do colégio, trepava na minha árvore preferida com meus livros de aventuras. Um dia, avistei um caminhão de mudanças estacionando em frente a uma das casas de dois andares, cujo jardim dos fundos limitava com o nosso. Que bom! ia ter com quem jogar futebol! Os dias passavam e nada. (Nossos vizinhos eram recém-casados.) Me habituei a observá-los podando as roseiras, cuidando da grama, bem cortado e verde. Vez por outra, acenávamos de longe. Naquele ano, passamos os três meses de verão em Santos. Ao voltar, fiquei contente em revê-los, eu na minha árvore, eles em seu belo jardim. Acho que foi em julho: o vento já soprava fresco e por toda a parte um perfume de eucalipto. Estranhei vê-lo sozinho caminhando de um lado para outro a consultar o relógio que amiúde retirava do bolso. Algo o estava preocupando, e a mim também, pois já tinha lhe amizade. Era quase a hora do crepúsculo (me lembro como fosse hoje), os sinos iam dar as seis, quando ela, aparecendo de repente, cobriu-lhe os olhos com as mãos, supreendendo-o. Subitamente, tomando-lhe as mãos, colocou-as sobre seu ventre. Entendi, então, entre os beijos e sorrisos te davam as boas-vindas. Sem saber, comecei a te querer bem desde aquele primerio momento em que eras apenas uma luz nos olhos de teus pais.
- Tinha doze anos, quando meus pais, deixando o Rio Grande, viemos para São Paulo. Aqui frequentei o liceu e me formei. Morávamos, então, num bairro tranquilo, de casas acolhedoras e jardins espaçosos. Todas as tardes, ao chegar do colégio, trepava na minha árvore preferida com meus livros de aventuras. Um dia, avistei um caminhão de mudanças estacionando em frente a uma das casas de dois andares, cujo jardim dos fundos limitava com o nosso. Que bom! ia ter com quem jogar futebol! Os dias passavam e nada. (Nossos vizinhos eram recém-casados.) Me habituei a observá-los podando as roseiras, cuidando da grama, bem cortado e verde. Vez por outra, acenávamos de longe. Naquele ano, passamos os três meses de verão em Santos. Ao voltar, fiquei contente em revê-los, eu na minha árvore, eles em seu belo jardim. Acho que foi em julho: o vento já soprava fresco e por toda a parte um perfume de eucalipto. Estranhei vê-lo sozinho caminhando de um lado para outro a consultar o relógio que amiúde retirava do bolso. Algo o estava preocupando, e a mim também, pois já tinha lhe amizade. Era quase a hora do crepúsculo (me lembro como fosse hoje), os sinos iam dar as seis, quando ela, aparecendo de repente, cobriu-lhe os olhos com as mãos, supreendendo-o. Subitamente, tomando-lhe as mãos, colocou-as sobre seu ventre. Entendi, então, entre os beijos e sorrisos te davam as boas-vindas. Sem saber, comecei a te querer bem desde aquele primerio momento em que eras apenas uma luz nos olhos de teus pais.
Texto de Elomar Nascimento, retirado do livro Conto das nove luas. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, de 1987)
Imagem: Pintura de Almada Negreiro
Imagem: Pintura de Almada Negreiro
Ana Laura, hoje pude ver a Luz nos olhos de um casal que veio buscar seu bebê. Um que eles demoraram dois anos para gestar, um que eles amou desde o momento que era apenas uma luz no coração de uma outra mãe e um outro pai!
Minha primeira vez, primeira que intermedio uma adoção!
Ainda sinto o cheiro dos bebês que querem um lar!
3 Palavras conexadas:
Amiga que lindo, e eu sei que vc é e será uma Luz p/ muitos bebês, criaças e para o mundo e pode ter certeza que essa será a primeira de muitas adoções. Amo vc!!
Gostei muito desse testo ainda bem que eu achei porque se não meu porfessor de leitura e produção de texto, mas o texto é muito lindo
bjs . Victor
Esse texto é muito lindo... pq tem romance as vezes as pessoas não entendem nada sobre os textos, pq elas(és) nem prestam atenção em qual é o título do texto ou sobre o que ele fala .... mais eu achei esse texto muito interessante
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