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quinta-feira, 18 de junho de 2009

quando foi que eu deixei de me importar?

Eu ia passar rápido pela internet e deixar uma frase só, algo pra ocupar espaço. Mas por que fui abrir meu email? Vou refazer a frase: Que bom que abri meu email!
A muito estou pra explodir na minha louca vida, vida breve... não utilizo o blog para recadinhos pessoais, mas hoje eu mereço. Eu quero um pouco de palco, um pouco de atenção e talvez carinho! (quando foi que esperei isto neste espaço?)
Eu recebi a corrente com as fotos da criança Amanda, um pedido de repassar o email e contribuir com a campanha. Eu tenho muito medo de correntes e não consegui mandar para outras pessoas. Me perdoem se realmente aquilo for verdade. Para dar o tom das fotos: mostram uma menininha com várias feridas e bolhas, sem dedos das mãos e pés, parecem queimaduras secando e outras infeccionando.
Mas vendo as fotos me lembrei do sentimento bom que tenho pelas crianças e que me fazia lutar a cada dia por elas. Ultimamente tenho ficado no meu escritório em cima de um computador, lento por sinal, fazendo relatórios e relatórios...tratando a vida como burocracia, escrevendo, relatando, declarando, me esvaindo em termos que não dizem de sentimentos mas sim, de ações frias...
Bom, eu tenho que me explicar. Sou assistente social de um abrigo para crianças e adolescentes. Lá existem seres que são as melhores partes da nossa indiferença, da nossa arrogância e hipocrisia. Quando foi que abandonamos nossa infância mesmo? Tudo começa com a roda dos expostos e hoje teimamos em dizer que estas crianças e adolescentes não estão abandonados.
Tenho estado atordoada com esta reflexão. Enquanto eu entro no frio escritório e sento minha b.... na dura cadeira e escrevo sobre vidas, vidas e mais vidas em papeis e de repente tudo que eu mais gosto está ali fora, ao alcance das minhas mãos.
Quando trabalhava com crianças e adolescentes vítimas de violência sexual eu tinha a maior angustia em protege-los, de saber como se comportariam depois da minha intervenção de proteção, hoje eu os vejo correndo de um lado para o outro, sorrindo aqui e ali...brincando com os brinquedos que nunca serão seus e eles nem sabem meu nome, nem querem saber...mas eu sei tudo, sei o quanto vai doer depois ou o quanto dói, mas eu não posso simplesmente apagar isso deles, mas juro que se pudesse eu faria...Os pegaria no colo e beijaria suas cabeças e tudo estaria esquecido, adoraria ser um mutante, uma fada, um extra-terrestre ou qualquer ser potencialmente mágico.
Sigo entre a caneta, a folha e a frieza. Quando foi que me esqueci daquele sentimento bom de luta, de raiva, de indignação...quando foi que eu simplesmente fui levada pela mão da rotina.
Errrrrggggg eu me odeio agora...
vou falar dos pequenos que eu cuido...eles são a parte mais doce de qualquer realização pessoal, Para alguns você pergunta se quer um pai e uma mãe, para outros você afirma que logo estarão em casa. De repente você só tem a esperança num punhado de palavras...
Lá a vida segue sem sobressaltos..alguns chegam..outros vão embora, outros tantos nos escapam pelas mãos..estes doem muito no peito. Onde estará, comeu, estão fazendo algo de errado com ele, será que está passando frio, será que está se metendo numa enrascada e de repente você se sente uma Mãe da Sé, desejando que ainda exista bondade e vida.
Eu me esqueci qua vida não se faz de um sol que nasce e depois se põe, das roupas entulhadas na cama, das palavras em frases coerentes...me esqueci que eu sou humana e me assemelho com todas as histórias que estão no meu compasso atual. Me esqueci que é preciso muita indisposição para continuar buscando o melhor...
me esqueci que eu posso lutar com as minhas unhas, meus dentes, meu suor, minha saliva e qualquer outra porra poetica (kakaka, ana laura em furia!) por um mundo melhor para nossas crianças...afinal, quando foi que eu deixei de me importar?

Ana Laura, vou parando por aqui, quem me conhece sabe que estou numa crise histérica de auto questionamentos insanos...melhor calar por enquanto.

1 Palavras conexadas:

Mana disse...

sempre te leio, nao me manifesto mas leio...
hoje tive q dizer:
"comparilho dos seus sentimentos!"