Pages

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O Forte das Rosas.


Numa gigantesca construção, rosas florescem no meio do lixo. Se você olhar bem perto, reescrevem a história daqueles tijolos abandonados pelas tolices e os re-colocam como Lar.
Uma construção no meio do nada de terra e mato. Lá elas aproveitam o abrigo de um teto e a possibilidade de um fogão comum. Muitas outras estão a morar e a dividir fogo e vida.
No quintal nada de flores, lixos tão somente. Claro, daqueles que se transformam em outro material, lixos que se reciclam, que se usam. Lá as rosas são somente elas.
Quem começou esta ocupação?
Só Deus sabe quem foi o primeiro que se achou dono do outro, o expulsou do seu lar, o oprimiu e o colocou a serventia de suas tolices. Quando não mais necessário, os deixou ir. Sem antes, os proibir de sua própria consciência como homem, dissendo: agora vocês são somente rosas.
Somente sendo rosa, estariam livres? Estas rosas ocuparam e habitam algo que se construiu no meio do lixo: mais conhecido como seu Lar. O lixo em muralhas são camuflagens, despertam desinteresses de lixos. Dentro da construção um Forte de Rosas, uma ocupação de liberdade, a retomada do seu.

Ana Laura. Hoje vi uma construção ocupada, vi somente mulheres e suas pilhas de material reciclado. Imaginei a guerra que seria viver naquele espaço, todos os dias, garantindo que ele é seu, o re-significando. Quantas construções perdem sua função social de proteger, acolher, cuidar e se tornam apenas abandonadas pelos Tolos e suas Tolices.
Pensei em rosas mulheres, uma das poucas plantas que aprendeu a camuflar na beleza seus afiados espinhos. Minhas rosas camuflaram na feiúra de seu lixo a retomada para humanidade. Um dia alguém decidiu que não teríamos um teto, comida e consciência. Mesmo assim, ainda existem Fortes florescendo.

2 Palavras conexadas:

Taty disse...

Eu agradeço sempre por ter uma flor em minha vida, uma flor amiga que mesmo de longe me dá forças para continuar...

Marcel Hartmann disse...

Bá, fiquei pensando nisso agora. Quanto prédio abandonado que abriga morador de rua. Protege e não protege, parece ser tão vulnerável mas ainda dá uma esperança pra quem não tem nada.