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quinta-feira, 5 de agosto de 2010


"Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento. Vou ali ser feliz e já volto." (Caio Fernando Abreu)

2 Palavras conexadas:

DILERMArtins disse...

Mas bah, gurias.
Lindo! Salve Caio!

Ana Laura disse...

Lindo Tate, que emocionante e empolgador te ver por aqui nesta segunda-feira. Me faz querer ficar.
O poema, escolhido a dedo, diz um pouco de nossos tempo...desse sentimento cotidiano e fragilizado.
Anotei em agenda. Quero pensar nele.
Também vou ser feliz e retorno logo.
beijossssss