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sábado, 7 de agosto de 2010


Eu vou te contar que você não me conhece. E eu tenho que gritar isso, porque você está surdo e não me ouve. A sedução me escraviza a você. Ao fim de tudo você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim. Quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa. Você não tem um nome e eu tenho. Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções. Mas a mentira da aparência do que eu sou e a mentira da aparência do que você é, porque eu, eu não sou o meu nome e você não é ninguém.
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação, através da aceitação da distância e do reconhecimento dela. Entre eu e você existe a notícia, que nos separa. Eu quero que você me veja a mim. Eu me dispo da notícia e a minha nudez parada te denuncia e te espelha. Eu me delato. Tu me relatas. Eu nos acuso e confesso por nós. Assim, me livro das palavras com as quais você me veste...


Texto de Fauzi Arap. A interpretação fica perfeita na voz de Maria Bethânia.

1 Palavras conexadas:

DILERMArtins disse...

Mas bah, gurias.
O texto me fêz lembrar um filme chamado Um Lugar Chamado Notting Hill...É sempre complicada quaquer relação entre anônios e famosos.