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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Viver é afinar o instrumento



É o que desejo a todos em 2011!
Ana Laura

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“Aos caminhos, eu entrego o nosso encontro.”




Não me aproximo porque, veja bem, sabe lá quem habita a tua solidão. Hesito. Recuo. Me afasto tristíssima. E te imagino em poses e sorrisos, voz grave e cabelos desgrenhados, preso nas minhas fantasias mais loucas e movimentadas. Numa delas sou um bichinho invisível, com asas, que adentra tua casa e te observa em segredo. Faço o contorno do teu corpo todo com os olhos, parada contra a parede do teu quarto, imóvel, enquanto tu te atiras na cama. Cansado. Tu olhas para o teto imaginando mil coisas, memórias, compromissos, desejos, saudades. Te fito com dor. A luz do abajur faz sombra na tua pilha de livros, que folheei um dia e quis pedir emprestado mesmo sabendo que não havia intimidade para pedidos. Por razões que desconheço, nossas aproximações foram sempre pela metade. Interrompidas. Um passo para a frente e cem para trás. Retrocessos. Descaminhos. Procuro sinais de algum amor teu. Vestígios de noites passadas. Tu não me vês, estou incógnita a te observar. Como sempre estive, olhando pelas janelas, de longe, coração apertado. Nós poderíamos ser amigos e trocar confidências. Assistiríamos a filmes, taça de vinho nas mãos, e tu me detalharias as tuas paixões e desatinos. Nós poderíamos ser amantes que bebem champanhe pela manhã aos beijos num hotel em Paris. Caminharíamos pela beira do Sena, e eu te olharia atenta, numa tentativa indisfarçável de gravar o momento e guardá-lo comigo até o fim dos meus dias. Ou poderíamos ser apenas o que somos, duas pessoas com uma ligação estranha, sutilezas e asperezas subentendidas, possibilidades de surpresas boas. Ou não. Difícil saber. Bato minhas asas em retirada. Tu dormes, e nos teus sonhos mais secretos, não posso entrar. Embora queira. À distância, permaneço te contemplando. E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és o único que habita a minha solidão.


(Caio Fernando Abreu)

Paixão.


Querido sentimento gostaria que você se decidisse o que quer da vida, se apaixonar de verdade ou continuar a esconder sua paixão, ou pior não acreditar quando alguém se diz encantando por você. Olha meu coração é de verdade, sangra e sofre diariamente, por isso peço encarecidamente que se resolva e se permita sentir novamente esse desejo incontrolável que vinha sentindo esses tempos. Isso vale também para você mente e trauma que corrói a minha vida, que me atrasa, que me faz perder sensações deliciosas. Isso vale também para você pessoa interna que vive sobre o meu corpo tão castigado pelo tempo, será que não é à hora de procurar ajuda? Voltar a se cuidar, a se amar, a se desejar e se sentir bela? Será que você não precisa de alguém do seu lado para te ajudar a se reerguer? Amar é tão bom e pelo que me lembro você é uma pessoa carinhosa, que gosta de estar perto, de abraçar, de dizer o quanto ama. Onde está aquela mulher madura que todos elogiavam aonde você a escondeu? Faça o favor de se reencontrar porque pode ser tarde demais e castigar assim um coração não faz bem. Amar e se sentir amada é algo deliciosamente adorável. E você ainda se lembra de quando certo alguém dizia ter paixão e você sempre fugiu, agora está na hora de você decidir se quer continuar a desejar ou se permitir apaixonar.


Tatiane.

domingo, 12 de dezembro de 2010

O Cristal da amizade


Pessoas são essências, são cores, músicas, poesias, sabores, delicadezas. Mas também são amargos, ardidos, azedos, preto e branco. São turbilhões de sentimentos, de manias. E você se encanta quando não convive, e você se diz apaixonar quando o dia-a-dia não está ali gritante ao seu lado. E quando isso acontece tudo passa e você percebe que a pessoa é normal, é tudo aquilo que você não esperava e quando o outro lado se dá conta é como se percebesse que existe ali uma dupla personalidade que na distância é doce e delicada e na presença é algo estranho. E tudo esfria. E até a amizade pode passar. Escrevo assim sem que ninguém entenda, escrevo para desabafar um aperto que carrego hoje no meu peito, escrevo por mais uma vez permitir que esse meu lado negro aflorasse de tal forma que eu deixei que o cristal se quebrasse em pequenas particulas. Não sei se tem como colar, cristal é algo delicado assim como são os sentimentos que deixamos passar. Assim como é a vida que deixamos correr, assim como são os amores, mas principalmente os amigos porque são esses que dão os sabores especiais que a vida nos proporciona. E deixar o cristal da amizade cair das nossas mãos por algo pequeno é como matar ou ferir algo frágil que não tem volta, que não tem como salvar, por mais que se tente, por mais que sobreviva as marcas estarão lá. Por isso segure bem nas mãos esse cristal, já que o que importa na vida são as amizades, mesmo que revestida de família, amores e claro amigos verdadeiros.
Tatiane.