(...) a mera possibilidade de mudança (real ou imaginária) de um dos membros da rede social coloca em xeque, na medida em que pode vir a significar risco de subversão das condições que a tornam possível, tal como ela existe e se reproduz (com seu equilíbrio e se desequilíbrio, sua estabilidade e sua instabilidade). Mesmo que a eventual mudança reduza aspectos negativos das relações e fortaleça caracteristicas positivas, há sempre, em jogo, o risco de perdas. Ou seja, todos os envolvidos numa teia de relações na qual se inocule o DNA da mudança sentem-se, direta ou indiretamente, atingidos, provocados, mobilizados. Há temor de que os lados sombrios de cada um sejam tocados, acionados, desnudados; há expectativas de que se desencadeie um processo fora do controle que ameace certeza e segurança individuais. Em uma palavras: as pessoas não temem apenas transformações para pior. Temem transformações, ponto.
Extraído do livro CABEÇA DE PORCO - escrito por Luiz Eduardo Soares, MV Bill, Celso Athayde.
Ana Laura
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